quinta-feira, 13 de abril de 2017

Dos livros não escritos

   Eu não sei em quantos ombros eu chorei ou para quantas pessoas eu contei minha história, mas pretendo quem sabe esmiuçá-la no decorrer de um livro que eu sempre quis escrever. 
   Por enquanto, vou me sufocando com meus desesperos internos e me desufocando à medida que pouco a pouco as pessoas que aparecem se disponibilizam a me ouvir e me incentivam a não calar. Me aninhando em colos amigos, conhecidos e às vezes passageiros que me propõem não guardar aqui dentro tudo de uma só vez o que veio criando raízes ao longo do tempo, em parcelas.
   Decidida que nenhuma dessas eventualidades e cotidianos sirvam com intuito de recuperação ou de restituir o que eu já tive ou o que eu era antes de tudo desmoronar, mas com o objetivo de conseguir o respiro e o suspiro de hoje e de dar o próximo passo para um amanhã sem perspectivas. 
   Seguindo em frente buscando os apoios que vierem, levantando dos destroços das implosões repentinas que acontecem sem a malícia de um cérebro esperto disposto a prevê-las. Já não há forças pra preparar as emoções. Os embaraços acontecem, os tropeços vem com tombos quebradiços, e buscamos novos ombros, ou as mesmas pessoas, para desufocar outra vez. Respiro.   Há de ser dado mais um passo amanhã.