Até quanto vale a
informação? Hoje ela chega, hoje se espalha, discorre-se sobre ela na internet,
no bairro, no grupo, no trabalho, na mesa de bar. Amanhã ainda é assunto, surge
luta, surge o ativismo, a indignação e até as piadas. E depois? Depois não mais.
Próximo.
O inocente foi
baleado. Até onde vai a indignação? Hoje ela chega, se espalha, discorre-se
sobre ela na internet, no bairro, na mesa de bar. Amanhã é assunto, vira luta,
vira ativismo e busca. Vira piada também. E depois? Depois já era. Esquece-se
da luta, desfaz-se da piadinha que é agora velha. A luta esquecida, foi
esquecida antes de resolver? Ninguém sabe responder.
Até vir o próximo assunto, a próxima notícia,
informação. Não veio? Que tédio! Que raro. Volta lá no inocente baleado, volta
lá na primeira informação. Retomam-se as piadas, retoma-se a luta. Resolveu?
Não. A luta nunca acaba, o inocente é morto todo dia, todo dia uma nova
introdução. O final? A gente já sabe. Piadas refeitas, ativismos pela metade. Resolvemos
um ou outro problema da nossa nação. Estamos Longe. Retoma o fôlego, acorda,
mas não levanta, vê o feed aí rapidão. Surgiu uma luta nova, curte o post, sai
pra rua, conquista e desconquista, desista! Não adianta mais não.
Fica a piada, fica
o assunto, se esvai a multidão. Senta no sofá, pega o controle, assiste
televisão. Faz só a piada, dá menos trabalho, lutar é cansativo mesmo que surja
sempre um novo motivo. Surgiu nova
notícia, e já diria 5 a Seco: amanhã ela
vai figurar nas páginas das redes
sociais, em mil reprises nos telejornas, impressa em um flyer que você recebe
num bar ou na pilha de e-mails a encaminhar. Mas depois – amanhã – nunca mais.