quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sobre o ódio

     Eu odeio tanta coisa que eu nem sei. Eu odeio autoritarismo, eu odeio o leite muito quente, eu odeio quando os fogos de artifício explodem sem efeito, odeio a distância que a Dianna Agron e o Channing Tatum estão da minha casa e odeio como eu perco momentos legais quando não estou com uma câmera fotográfica na mão pra registrar. E eu odeio quando uma publicação minha de um texto ou foto que eu acho mais importantes tem menos visualizações e curtidas do que as publicações que eu acho menos importantes – as pessoas deveriam adivinhar essas coisas, ter tipo uma mesma crítica que você sobre sua própria obra, só pra você não se sentir muito confuso sobre qual composição foi melhor.  Seria ruim se a obra mais famosa e adorada de Leonardo da Vinci não fosse a que ele mais gosta.
      Eu odeio como as pessoas discutem assuntos polêmicos como se houvesse um ponto de vista certo, melhor ou real. Na verdade eu não entendo sobre isso, vai ver eu também faço isso às vezes; outra coisa que odeio. Eu odeio amar muitas músicas e esquecer algum clássico por aí. E odeio o fato de que a gente nunca vai lembrar-se de todos os clássicos da música (os que a gente gosta) a não ser por meio daqueles tópicos no grupo do facebook onde sempre surgem clássicos e o pessoal lembra do pião ou das bolinhas de gude ou do N’sync – e esses tópicos sempre envolvem a palavra Nostalgia.

     Eu odeio me emocionar mais com a fantasia e com a ficção do que com a vida real, porque querendo ou não, as pessoas não levam muito a sério as coisas emocionantes da vida real. Eu odeio quando o ator norte-americano fala palavrão na personagem e na dublagem ele diz “merda” ou “saco”. Eu odeio quando não acerto a fotometria e a foto sai clara ou escura demais. Odeio a arrogância e a forma como a vontade de ser arrogante se pronuncia às vezes. Odeio a idéia de odiar tanto e quem sabe não saber voltar a amar mais. Mesmo se o Channing Tatum ou a Dianna Agron aparecerem aqui em casa.