domingo, 4 de setembro de 2011

Ausência.

"Você não sabe meu celular, meu endereço, tampouco o que ando fazendo. Faz tanto tempo que não te vejo. Por onde você anda? As coisas deram certo? As risadas que ouço hoje são muito diferentes das que eu ouvia um tempo atrás. Os rostos, nem cito quantas diferenças têm dos que eu costumava ver diáriamente. Eu pensei que restariam alguns contatos. A agenda do meu celular já ficou desatualizada. Aliás, há tempos o troquei. Alguém bate à minha porta: não é você, nem qualquer um deles. São apenas amigos novos, pessoas legais ou não, que nunca tomaram o lugar dos outros. Imagino que você também não saiba nem meu celular ou endereço. As redes sociais estão vivas, mas ao mesmo tempo inexistentes pro nosso contato. Imagino que alguém também bata à sua porta, mas nesses momentos você também reflete que não sou eu por trás dela? A luz que aparece na sua janela não é o reflexo dos faróis do meu carro, é apenas a que seu vizinho novo acendeu. Às vezes eu vejo a luz do meu vizinho acesa também. Você deve ter um carro. O recado que você vê no seu perfil não é o meu. Eu também não vejo nenhum recado seu. O mundo parece tão pequeno. Mas o falível é que tão pequeno quanto o mundo, é o interesse. Eu lembro de ter procurado. Não lembro de ter sido respondida. Não sei se você também procurou. Houveram brigas, mas é nítido que os momentos bons prevaleceram. O que provocou esse destino, então? Pudera nós termos evitado isso, ou não era do seu interesse, como eu imaginei? Sua presença estampa cada parede da minha memória, já que as paredes do meu quarto não são as mesmas. Nem os lugares que frequentamos um dia. E quando volto neles, a nostalgia bate mais violentamente. Não sei se tinha conhecimento, mas você era um dos meus preferidos entre eles. A prova é que é você que eu estou evidenciando enquanto penso em todo mundo. Na minha memória é você que está sempre em evidência. Mas quanto à presença, falhou. Nem sei se seus trejeitos mudaram. Sempre que recordo deles me vem uma felicidade súbita, e uma tristeza por não presenciá-los mais. Aliás, os seus trejeitos eram os que mais encantavam. Cadê você com eles? Nossos assuntos, os quais eu não tinha com mais ninguém. Aqueles, que eu só tinha você com quem conversar. As indiretas que eu quis jogar, algumas que eu sei que você entendeu, outras que não tive certeza, e aquelas que foram tão claras que causaram até um certo constrangimento. Haviam épocas que eu não via muito sentido nas coisas, mas na sua presença elas pareciam tão simples... Era algum tipo de milagre que a amizade tem o poder de fazer. Eu queria esse poder aqui de novo. Ainda não consegui achar alguma dor que teu sorriso não pudesse curar ou amenizar. Será que um dia duvidou de mim quando eu disse sobre a importância que você exerce sobre mim? O encontro com eles era tão legal. Quando eu te via no meio deles era ainda melhor. Nada se compara ao que você me enviava. Ainda encontro alguns deles por aí. Meio mudados, perdidos, achados. As coisas mudaram realmente pra alguns. Mas e pra você? Peço tanto que esteja da mesma forma, com aqueles mesmos trejeitos. Quem dera viesse uma surpresa boa acompanhada de ti. Quem dera ir num show com você daquela banda que a gente curtia tanto. Quem dera você de novo. Qual é o seu endereço? O vizinho apagou a luz, não era o reflexo do farol de carro algum. Os amigos novos foram embora e ninguém mais bateu na minha porta hoje. Por onde você anda?"