domingo, 2 de março de 2014

Alegoria

       Tanta alegria, tanta arte, realidade misturada com magia. Minha vida, um carnaval. É também, certa tristeza do folião à realeza. Nem sempre a fantasia lhe cai bem, nem só de nota dez vive a escola de samba. E eu, tão bamba, brevemente feliz, mantenho a máscara no rosto, fazendo festa do meu desgosto, me permitindo abrir alas.
       Minha comissão de frente é meu sorriso, ainda que incerto e sem motivo. Faço da desesperança confete e serpentina que eu jogo pro alto e deixo pra trás. Mas a tristeza não fica ausente. Minha marchinha contente é só um samba triste e, mesmo assim, todo mundo pula, todo mundo samba escondendo a tristeza atrás do bloco.
      Porque não é segredo pra ninguém: todo carnaval tem uma Colombina confusa e um Pierrot aquebrantado. Todo mundo tem um pouco de Arlequim. Sempre existe um tirolês e uma Odalisca dançando bandeira branca. Haverá sempre uma Janice que não se lembrará, e haverá sempre um Píndaro sendo esquecido. A vida é sempre um carnaval, cheio de histórias, fantasias e confete. É um samba de ir embora e só. A vida é uma alegoria.