domingo, 15 de maio de 2011

Reflexão em Quatro Rodas



Desde que entrei em uma nova escola, no primeiro ano, e comecei a usar desse maravilhoso - e ao mesmo tempo desconfortável - meio de transporte (ônibus), presenciei coisas que me fizeram refletir muito. Coisas que ouvi, coisas que vi e que certamente tomaram algum significado pra mim. E não há nada mais reflexivo do que a janela de um ônibus, de uma van ou um carro de passeio. Insisto dizer que sou uma escritora que não escreve. Já criei tantos textos, ensaiei tantas desculpas e discussões, escrevi tantas histórias na minha mente enquanto olhava pela janela numa viagem à escola, mas nunca escrevi de fato nenhuma delas. E nunca tentei. Jamais sairiam tão perfeitas como se formaram na minha mente. Todas as maneiras de estar em um carro, sendo sozinha, com amigos ou desconhecidos, te trazem uma situação: A mulher que desabafou sobre seus problemas familiares, a menina que contou sobre os problemas que vive em casa, o cara que fofoca e fala mal pros amigos de qualquer garota que lhe vem à mente. Ou então aquele que lê enquanto viaja ou aproveita pra dormir. E quando na companhia de amigos, inevitavelmente o que se ouve em um ônibus são gargalhadas e muita conversa. Entre tantos outros. Eu mesmo já sentei naquele banco bem isolado, lá na frente, coloquei meus fones e chorei. E não foi só uma vez. Assim como não é por uma vez que se vêem tantas reclamações, brigas e gargalhadas num ônibus. As pessoas criam e vivem momentos de importância num ato cotidiano tão corriqueiro e nem percebem que nesses simples acontecimentos viveram momentos importantes. Talvez esse tenha sido um dos motivos pelos quais eu chorei. E não nego que quando não estava triste sentada num banco isolado da frente, certamente estava em alguma farra com os amigos no fundão do habitual transporte coletivo (embora a ultima situação tenha diminuído drásticamente). Não foi só no caminho á escola. Mas também no caminho da viagem da escola, no caminho do cinema com os amigos ou pra qualquer outro lugar, em qualquer dia da semana. Dividir uma bolacha com um amigo próximo na poltrona, e conversar enquanto espera o veículo abastecer. Ver seus amigos descendo em seus determinados pontos até a hora de chegar a vez daquele... Justo aquele amigo descer e você já sentir saudade. E na hora da despedida, quando o rosto e as mãos ficam grudados no vidro, vendo uma pessoa especial do outro lado se despedindo, como na primeira viagem da pré-escola ou a distância que o destino simplesmente impôs entre você e alguém que você ama. Sejam quais forem os momentos vividos nessas circunstâncias, sem dúvidas você deve lembrar de algumas com êxito. Outras sentir nostalgia de lembranças de outrora que jamais voltarão a acontecer novamente com o mesmo sentido e importância.